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terça-feira, 12 de abril de 2016

Professor Manoel da Silva Quadros

BIOGRAFIA – PROFESSOR MANOEL DA SILVA QUADROS
Autor: Dr. Orty de Magalhães Machado (ex-aluno do Professor)

Revendo meus artigos sobre a história de Canoinhas a pedido de Dona Nereida Cherem Corte, verifiquei o seguinte:
Não se pode verificar, com segurança, a data exata do nascimento do saudoso Professor Manoel da Silva Quadros que lecionou em Canoinhas nas décadas de 10 a 20 do século presente.
Segundo informações merecedoras de todo crédito teria nascido no Paraná, por volta de 1875 e falecido em Chapéu do Sol, também no Paraná em 1935 portanto com 60 anos de idade, depois de ter morado no município de Canoinhas durante vinte e dois anos, ou seja de 1910 a 1932.
Teria chegado em Três Barras no início da construção da Lumber, juntamente com outras levas de trabalhadores atraídos pelo futuroso mercado de trabalho que então oferecia aquela grande companhia Americana.
Pouco tempo depois transferia-se para Canoinhas, recém elevado à categoria de município.
Em 1912 vamos encontra-lo fazendo parte da LYRA CATHARISENSE fundada por Emílio Wendt, executando bombardino, instrumento que tocava com rara habilidade.
Além de músico foi também mestre-escola. Lecionou de início em escola pública isolada, percebendo os vencimentos mensais de 600000. Posteriormente a partir de 1923, passou a ensinar nas Escolas Reunidas “Professora Ana Cidade”, onde permaneceu até 1927, já então sob a direção do Professor Alinor Vieira Corte, seu diretor e quem eram colegas, as professoras Alida Corte e Noemia Bompeixe.
Conheci pessoalmente o Professor Manoel da Silva Quadros, de quem fui aluno e dele guardo, até hoje as mais gratas recordações.
Escola modesta, alugada construída de madeira e coberta de taboinhas, não tinha o menor conforto, muito embora sobrasse o carinho de seus abnegados professores.
Em que pese o uso da palmatório (fórmula), permitida naqueles bons tempos, a Escola era risonha e franca. Lembro-me de sua figura austora mas paternal.
Era de estatura mediana, gordo, rosto moreno claro.
Afônico, piscava continuamente atrás de seu pince-nez de grossas lentes.
Respeitado pelos seus conterrâneos e querido pelos seus alunos foi impecável e correte no cumprimento de seus deveres.
Era o que se chamar um homem de bem. O que mais contrariava era sua gagueira, cujo defeito mais se acentuava quando ficava nervoso com seus discípulos, aos quais costumava chamar de feição de gaiola, não sei por que razão. A propósito do velho mestre Quadros, revela a tradição, oral que foi ele protagonista de um episódio dos mais pitorescos, senão tragi-cômicos, que quase ia lhe custando a vida, em plena revolução dos jagunços.
Como bom músico que era, pois tocava muito bem o bombardido e corneta, resolveu em 1915, depois de tomar umas e outras, dar um susto nas tropas federais que então guarneciam a vila, e que chegaram a contar, em certa época, cerca de três mil homens.
Certa tarde, sobraçando sua velha corneta, depois de despistar cautelosamente as sentinelas que montavam guarda às trincheiras da Vila, embrenhou-se pelas bandas do Rio Água Verde, sem pensar nas graves consequências do seu ato, começou a dar toque de comando: avançar, fazer calar baioneta, avançar... avançar...
Ora, como era evidente, tais ordens ouvidas pelas sentinelas perdidas e incontinente transmitidas aos seus superiores, provocou como era lógico o maior pânico na tropa.
O Cel. Onofre e o Major Peixoto ordenaram imediatamente que um numeroso contingente de soldados e oficiais partisse às pressas, afim de fazer frente à audácia dos fanáticos.
Eis senão quando um piquete de soldados dá com o mestre-escola trepado sobre um toco de imbuia ainda a tocar o estranho sinal de alarme.
A inocente brincadeira, entretanto, deu muito o que fazer.
O Cel. Onofre furioso de raiva, queria a todo transe fuzilá-lo, porém graças à intervenção do Major Vieira, prestigioso chefe político local, feita pessoalmente ao Cel. Setembrino de Carvalho, então comandante em chefe das forças ali aquarteladas, a ordem de fuzilamento sumário foi sustada, ficando o professor Quadros sob rigorosa custódia do exército.
Pelo que sei, morreu pobre, deixando, entretanto uma lição de respeito e honradez para a posteridade.
Canoinhas, mercê de Deus, não esqueceu jamais. Deu o seu nome a um estabelecimento de ensino de uma das mais progressistas comunidades do nosso município. Realmente lá está em Marcílio Dias uma placa com o nome do velho professor como sincera homenagem aquelas que tanto fez, dentro de suas naturais limitações, pela propagação de ensino em nossa terra.

Ass: Orty Magalhães Machado
Rio: 29.03.1975
Digitalizado por Ariel Laurentino Pereira de um documento datilografado por Orty M. Machado.

Recordando...


Acesse o blog de Marcílio para ver como foi esta solenidade na Escola Manoel em 2012.
http://marciliodiasdistrito.blogspot.com.br/2012/03/solenidade.html